quinta-feira, 11 de setembro de 2008

no caminho, saindo da asa norte rumo à sul via w3, pedestres atravessavam faixas em pares e em direções opostas, simetricamente, se cruzando no bem meio da rua, logo antes d'eu passá-las com carro, como que portões abrindo. aconteceu duas vezes em sinais abertos consecutivos. e daí asa sul e aquela curva da w3, feita mil vezes à pé, onde avisto aquelas coisas todas: dom bosco, anexo esquisito do clube do congresso e, do outro lado, as casas entre as quais há uns cinco, seis anos andava quase diariamente (pouco menos de uma hora pela manhã, e em algumas ocasiões ainda mais à tarde). me ocorre passear por lá antes de ir ao parque, clarooo. estaciono onde consigo (não lembro de ser tão cheio) em frente à primeira (última? a virada pras novecentos) fileira de casas, e vou em direção à amoreira - sei que elas têm seu pico em outubro, mas imaginei que perto o bastante pra ter umas bem aproveitáveis. mas não a acho onde achei que ela deveria estar, suponho que estou enganado, senso de direção pateta que é o meu. daí continuo andando, exploro as outras duas entrecasas, reconhecendo muito menos do que esperava (ainda assim emotion, claro, porque qualquer coisa nesse contexto, e até de maneira diferente por serem coisas pequenas, é emotion, claro). daí volto pra entrecasa primeira, a mais familiar e certamente lar à amoreira - e acho mesmo uma amoreira que me parece nanica e de pouquíssimos galhos - teria minha memória me tapeado desse tanto??? mas examino mais um pouco e me vem, de uma vez, e com a menor unidade de tempo possível entre cada uma das etapas, o seguinte: 'há uma amoreira menor, mesmo, é bem essa que é'; 'essa amoreira fica a tipo uns cinco a oito metros da amoreira maior' (não nessas palavras - não em palavras, né); a imagem da amoreira maior conjurada na minha cabeça muito nitidamente, inclusive com todas as coisas que a cercam e são fundo etc. daí viro meu pescoço e é tipo quando em filmes um software de reconhecimento de rostos ou sei lá sobrepõe a imagem a ser reconhecida à imagem na base de dados, e ambas se redimensionam (ou só uma delas?) pra encaixarem-se perfeitamente, rolar uma reluzência progressiva nos contornos e pá. daí é até engraçada minha reação dramática, um volume-fantasma meio amorfo se formando em minha barriga e peito e os comprimindo de forma não-física e subindo até quase o pescoço, minhas pernas ficando meio bambas, meio inexistentes pra mim - boto fé que até rolou uma engasgadinha de leve. mas foi massa, foi tipo voltar pra casa. daí aquela pala de ver algo intocado e íntegro e bonito, mas você não, você todo diferentão e esquisito, daí rola uma espécie de regressão de leve, e tu fica tipo 'hmm'. tento me lembrar com quem já fui lá; consigo lembrar quase vividamente de momentos com qualquer amigo plausível, mas sei que não é o caso. concluo que se trata de metáforas.
daí cato (heroicamente) umas amoras em galhos bem altos, com pulos e subindo na velha amiga, e olho em volta - eu realmente tou aqui, segunda à tarde, mais de vinte anos e dois anos de imposto de renda declarados e bigode (bigode boto fé que é atenuador, na verdade), mandando um passeio com fins nostálgicos e colhendo frutos (risos) disso. eu realmente tou passando tempo da minha vida aqui, essa vida aí que não pára não sr. etc (etc de alguns minutos).
passo entre duas casas em direção ao carro e vejo que ele tá lá exatamente alinhado em uma linha reta leste-oeste à amoreira. que tal essa.
vazo em direção ao parque, dou umas voltas desnecessárias, enuncio com perfeição interpretativa o 'SCHARDONG TURISMO' inscrito num ônibus em frente à dom bosco. estaciono naquela escola que tem porta esquisita pro parque, sento por lá, vazio pacas. cai uma folha meio seca na minha mão e lembro de como umas três vezes quando era menino fazia uns furos em folhas de mangueira, uns bem característicos pra tentar reconhecê-las em outro dia, outro mês, algo assim, quando as visse de novo. não deu certo nenhuma delas, sempre esquecia da proposta no dia seguinte. daí curto textura aveludada da folha que pra mim representa (a folha) como a vida é life. patos mandam um esquema-diálogo sinfônico entre as ilhazinhas da lagoa, patos nadam em fileira, patão anda em minha direção, água-de-coco, mais árvores, essas coisas aí.